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Empresa Multinacional aumenta número de presos trabalhando na Penitenciária de Uberaba


Há cerca de seis meses, uma empresa norte-americana que fabrica eletrodomésticos, ferramentas manuais e elétricas - levava parte da sua produção para dentro da Penitenciária Professor Aluízio Ignácio de Oliveira, em Uberaba, e a parceria mais do que superou as expectativas. Nesse mês de janeiro, a companhia aumentou em 150% o número de presos empregados. Inicialmente, 10 detentas trabalhavam na oficina montada na unidade; no último dia 09, outro espaço foi instalado no pavilhão do regime fechado e 15 presos ganharam uma oportunidade de trabalhar.


Para o Secretário de Estado de Administração Prisional,  Desembargador Francisco Kupidlowski, a humanização do atendimento é de extrema importância para a ressocialização dos custodiados. “Dar chances às pessoas privadas de liberdade é um jogo em que todos vencem. E, do nosso ponto de vista, é um ganho muito grande, tanto para o preso, que aprende um novo ofício e obtém uma possibilidade real de reinserção social, quanto para a sociedade que também colhe muitos frutos desse trabalho, pois devolvemos a ela um indivíduo apto ao convívio social”, enfatiza Kupidlowski.


A dedicação dos novos funcionários foi tamanha que, segundo os diretores da multinacional, em menos de um dia a nova equipe produziu 7.500 peças. A média prevista de produção é de oito mil peças diariamente. O trabalho dos presos consiste em fixar um cabo em um dispositivo do ferro elétrico. Já as presas montam a parte de irrigação e outras peças do interior do ferro elétrico. Ao todo, elas realizam a montagem de 12 mil peças por semana.


A expansão das vagas vai ao encontro da meta da Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap) que, por meio da Superintendência de Trabalho e Ensino, quer aumentar cada vez mais o número de presos trabalhando e estudando. “A expansão das atividades da empresa é muito gratificante, pois é fruto do compromisso dos servidores da SEAP em prestar um serviço de qualidade e em consolidar a mão de obra prisional com uma força de trabalho comprometida e qualificada”, destaca o Superintendente da pasta, Guilherme Lima.


O Diretor de Atendimento e Ressocialização da Penitenciária, Guilherme Augusto de Araújo, foi um dos responsáveis pela negociação da parceria. De acordo com ele, logo no início do projeto foi perceptível uma mudança nas presas. “A atividade começou a resgatar a dignidade das sentenciadas com um trabalho digno, ocupação do tempo e remuneração do trabalho. A partir desse entendimento, expandi a linha de produção para os presos também. Com o sucesso comprovado da primeira experiência com as presas, a ideia foi abraçada pelo presidente da empresa e conseguimos mais essas 15 vagas, que poderão aumentar”.


Tatiana Vilela Vasques, 33 anos, que está presa desde 2009, destaca que o trabalho dentro da Penitenciária é seu primeiro emprego formal, pois, antes, ajudava a avó que cozinhava para fora. “Fiquei super empolgada quando ganhei essa oportunidade. Meus pensamentos mudaram, aumentou minha autoestima e minha vontade de mudar de verdade. Poder sair da cela e distrair a cabeça faz o tempo passar mais rápido, e me impulsiona a sair daqui e fazer algo diferente, a não voltar para aquela minha antiga vida”.


Mais que uma parceria de trabalho


O espaço e toda a estrutura foram montados pela empresa, assim como o treinamento dado aos presos. Além da oferta de trabalho para as presas, a multinacional doou vários eletrodomésticos para uso da Penitenciária Professor Aluízio Ignácio de Oliveira e também disponibilizou descontos em mercadorias da marca para os servidores.


O Gerente de Produção e Montagem da filial da empresa em Uberaba, Maurílio Novais, diz que o objetivo deles não é apenas lucrar mais, mas sim, realizar uma ação social. “A gente vê com bons olhos, e acredita na ressocialização. O trabalho é muito importante para isso. Nesses seis meses os resultados foram muito positivos. Durante uma visita à unidade prisional, conversei com todos os novos contratados e senti neles um grande interesse e orgulho de estarem trabalhando. Esse é nosso objetivo, ajudar e dar oportunidades”.

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Outra ação da multinacional é a promoção de eventos comemorativos para as presas que trabalham na parceria. No Dia das Crianças, por exemplo, a empresa comprou presentes para os filhos das detentas.

Todos os presos que trabalham na parceria foram selecionados mediante avaliação da Comissão Técnica de Classificação (CTC), que analisa o processo jurídico, o comportamento, a aptidão, entre outros requisitos. Pela atividade executada, os detentos recebem ¾ do salário mínimo e remição de pena, ou seja, a cada três dias trabalhados, um é remido da pena.

 

Texto: Fernanda de Paula

DEPEN - Departamento Penitenciário de Minas Gerais
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