Objetivo do empresário é dobrar a oferta de vagas para internos tanto do sexo masculino quanto feminino
Uma empresa de confecção da cidade de Patos de Minas levou parte da sua produção para o interior do Presídio Sebastião Sátiro. Agora, a rotina de cinco internas conta com máquinas de costuras, linhas, tecidos e agulhas. Para trabalhar na confecção as detentas passaram por um treinamento de 15 dias com uma instrutora que diariamente está no local as auxiliando. A fábrica produz uniformes para diversas atividades agrícolas e macacões para a aplicação de agrotóxicos. A média de produção na unidade prisional é de 400 peças de calça e/ou camiseta ou 100 macacões por dia.
O diretor-geral do presídio, Marcos Lopes Brandão, comemora a nova cooperação que traz benefícios para as presas e para a unidade prisional. “A parceria de trabalho utilizando a mão de obra das detentas na unidade é de suma importância no preparo dos sentenciados visando à reinserção social. Além de atender uma das principais metas da secretaria, que é a ampliação de vagas de trabalho para os detentos. A parceria é eficaz frente à ociosidade e a superlotação carcerária” destaca Marcos.
Iniciativa
No presídio havia uma oficina com máquinas de costura sem utilização. Ao saber dessa situação o empresário Ronaldo José Pereira pensou na possibilidade de ocupar o tempo ocioso do preso com uma atividade produtiva. O espaço, então, foi adaptado para receber a confecção. A intenção da empresa é dobrar o número de presas na oficina e colocar presos trabalhando também. “É mais uma responsabilidade social ao dar oportunidades àqueles que muitas vezes outros não querem ajudar. Ensinar um ofício e dar um emprego e, assim, ajudar essas mulheres. Esse é meu maior objetivo”, contou Ronaldo.
A oficina tem 32m² e conta com sete máquinas de costura. As presas trabalham oito horas por dia e pelo trabalham recebem ¾ do salário mínimo e remição de pena, em que a cada três dias trabalhados um é remido. Mikaella Vitor da Silva, de 22 anos, é uma das internas que trabalha na confecção. Para ela, o trabalho representa esperança de uma vida melhor. “Aqui é um lugar onde ocupo a mente, onde estou aprendendo uma profissão, coisa que eu não tinha e agora tenho. Com essa profissão eu tenho condições de trabalhar lá fora e tirar o meu sustento honestamente. Tive aqui uma oportunidade que lá fora eu não teria, pois com essa chance temos mais condições de nos ressocializar. Agradeço a todos que nos apoiam”.
Ressocialização
Essa não é a primeira parceria de trabalho celebrada entre a unidade prisional e a iniciativa privada ou instituições públicas. Atualmente 85 presos trabalham na unidade, quase 25% do total, atuando em diversas atividades como corte de cabelo, limpeza das celas, reciclagem de lixo, manutenção e limpeza da unidade, artesanato, entre outros. Todos têm direito a remição de pena e são selecionados pela Comissão Técnica de Classificação (CTC).
Para estarem aptos ao trabalho os internos são avaliados por uma equipe de servidores composta por assistente social, psicólogo, coordenador de segurança, analista jurídico, enfermeiro, gerente de produção, pedagogo e diretores, que avaliam diversos critérios para determinar a aptidão e comportamento do preso para atividades pedagógicas e laborais.
Fotos: Divulgação Seapp
Texto: Fernanda de Paula