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Presídio de Leopoldina doa verduras e garante abastecimento de creche durante a greve dos caminhoneiros

Doação ajudou instituições a manter o oferecimento de refeições durante a greve de caminhoneiros. Uma das entidades atende dezenas de filhos de presidiários

Há cerca de um mês, o diretor-geral do Presídio de Leopoldina, Valdiney Nunes, deu vida a um sonho antigo: criar uma horta produtiva em um terreno abandonado localizado nos fundos da unidade prisional. As tratativas para concretizar sua ideia foram dificultosas e, somente em fevereiro desse ano, tudo começou a dar certo. De lá para cá, o terreno cedido pela prefeitura começou a ser preparado e, em abril, recebeu suas primeiras mudas e sementes.

A primeira colheita foi feita no final de maio. Duas instituições da cidade, localizada na Zona da Mata, receberam a doação de mais de 140 pés de alfaces: o Asilo Santo Antônio e a Creche Anita Borela. Para o diretor da unidade a iniciativa só traz benefícios para a sociedade e para o presídio. “Geramos trabalho para os presos, ajudamos instituições carentes, melhoramos a segurança da unidade e mudamos a visão que a sociedade tem sobre o presídio”, disse Nunes ao comemorar a liberação de mais espaço pela prefeitura e a garantia de mais presos trabalhando no projeto.

A creche beneficiada fica localizada em um bairro carente da cidade, onde, segundo levantamento do presídio, muitos filhos de presos são alunos. Atualmente, 107 crianças de até seis anos de idade passam o dia na instituição filantrópica, a única com berçário na cidade. Diariamente são servidas quatro refeições para as crianças e o local é mantido por meio de doações da sociedade civil e da prefeitura, que cede servidores.

Greve dos caminhoneiros

Boa parte das doações que chegam à creche são de empresários proprietários de supermercados do munícipio. Por causa da greve de caminhoneiros alguns alimentos ficaram escassos e as contribuições diminuíram. E foi justamente a doação do presídio que ajudou a manter a alimentação na creche.

A presidente e fundadora da instituição, Vanda Schetinno, agradeceu o gesto e ressaltou a importância do projeto para o perfeito atendimento às necessidades das crianças. “As hortaliças estavam lindas e duraram muito mais de uma semana”.

Para manter o projeto quatro detentos cuidam da nova horta todos os dias. Eles regam, retiram as ervas daninhas e os matos e adubam a terra. Também foram os próprios presos que limparam e prepararam o local. Os equipamentos usados são do presídio e as sementes, mudas e adubos foram doados por servidores da unidade.

O detento Sebastião dos Santos, de 64 anos, é o mais experiente e trabalha no espaço desde o início do projeto. Ele conta que não esperava alcançar tantas pessoas. “Os visitantes, parentes dos presos, estão nos elogiando pela horta. Antes, era um matagal sem uso e agora estamos produzindo alimentos. Temos mais verduras para serem colhidas: rabanetes, jiló, pimentão, couve e mostarda. Eu estou muito feliz recebendo elogios de todos aqui no presídio e satisfeito por ter essa oportunidade de trabalhar e ajudar quem precisa”.

Creche Anita Borela

Fundada há mais de 40 anos pelo casal Vanda e Roque Schetinno, a creche sempre atendeu a famílias carentes. O preso Willes Nunes Ferreira Junior, de 25 anos, é do bairro e frequentou o local na infância. “Eu tenho primos e afilhados atendidos pela creche e na última visita que minha esposa me fez, contou que o local quase não funcionou por causa da greve e que o presídio ajudou muito. Eu fico feliz e satisfeito em saber que daqui de dentro podemos ajudar”.

O agente de segurança penitenciário e gerente de produção da unidade, Alan Rezende, cuida do projeto juntamente com o diretor-geral. Segundo ele a escolha da instituição corrobora a prática da humanização dos custodiados, já que na creche há grande presença de filhos de reclusos. “A intenção para os próximos meses é diversificar, aumentar a produção e também o número de presos trabalhando”.

Ressocialização

Além da nova horta, o Presídio de Leopoldina se destaca por outras ações de ressocialização. Atualmente 60% dos presos estudam e 20% trabalham. A Escola Estadual Luis Salgado Lima instalou seu segundo endereço na unidade prisional e tem 54 alunos, divididos nas modalidades de Anos Iniciais e Finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio. Os presos contam com cinco salas de aula e uma biblioteca.

Um ambiente na unidade está reservado para 15 presos que fazem artesanato todos os dias. Eles produzem peças de crochê como bolsas, tapetes e cobertores, entre outros. Os produtos são entregues para as famílias dos presos para que sejam comercializados e, o retorno financeiro das vendas, ajuda algumas famílias a realizarem suas visitas.

Por Fernanda de Paula

Fotos: Divulgação Ascom-Seap

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