60 custodiados fazem terços para serem vendidos nas igrejas da cidade. Renda é revertida para a compra de mais materiais para a produção
Um projeto em parceria com o Poder Judiciário e com a Pastoral Carcerária está beneficiando 60 presos do Presídio de Ouro Preto. O projeto Franciscos foi idealizado pela juíza Lúcia de Fátima Magalhães Albuquerque Silva, da comarca de Ouro Preto, com o objetivo de ofertar oportunidade de trabalho aos detentos e assim abater tempo da pena – a cada três dias trabalhados, diminui-se um dia no cumprimento da sentença.
No Franciscos presos confeccionam terços de São Francisco que são vendidos nas igrejas da cidade. A renda obtida com a venda é utilizada para a compra de novos materiais. Os terços de São Francisco, réplicas do modelo usado na veste do religioso italiano considerado santo pela Igreja Católica, são montados pelos presos manualmente sem o uso de ferramentas. Para produzi-los eles recebem os kits para a produção contendo 59 contas, uma cruz de madeira, um entremeio com a imagem de são Francisco e o barbante já cortado no tamanho exato.
“Há muito tempo ficava imaginando qual atividade poderia ser realizada por presos do regime fechado no Presídio de Ouro Preto. O foco não é somente fazer terços, trata-se de um trabalho realizado em local sombrio que precisa de luz, de alento, e essas pessoas precisam acreditar em algo. Por isso, a participação da pastoral vem a ser imprescindível”, disse a magistrada, idealizadora da iniciativa.
O diretor-geral da unidade, Gelcimar de Oliveira Neves, comemora a parceria. “Quando a juíza plantou a semente, joguei a água porque sabia que ia dar frutos”. Já são quase 60, dos 240 detentos, envolvidos com a produção dos terços. Segundo ele, “é importante os presos terem algum tipo de incentivo para melhorar o comportamento e as relações dentro do presídio, o que contribui para o crescimento pessoal de cada um”.
A servidora aposentada Aurea, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) deu início ao projeto junto com a Pastoral Carcerária. Ela foi até a cidade de São Paulo para comprar os materiais usados na produção dos terços, o que foi possível graças a uma doação recebida. Aurea explicou que o dinheiro da venda dos terços será revertido para comprar mais materiais, já que o objetivo é envolver todos os presos do regime fechado. “É emocionante ver a alegria nos olhos dos presos. Os que aprenderam com as pessoas da pastoral são multiplicadores do ofício”, conta.
*Com informações do Tribunal de Justiça de Minas Gerais.