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Unidades prisionais de Uberlândia incrementam frentes de trabalho

Detentos passam por capacitações profissionalizantes e conquistam vagas em empresas parceiras; há previsão de outros cursos e novas parcerias a partir de abril

As pessoas privadas de liberdade que estão no Presídio e na Penitenciária de Uberlândia terão mais possibilidades de reinserção no mercado de trabalho, após o cumprimento da pena. Isso porque, por meio de parcerias, já estão sendo inseridas em programas de qualificação profissional, que, muitas vezes na sequência, garantem uma vaga de trabalho nas linhas de produção fomentadas intramuros. Frentes novas iniciaram este mês e outras estão previstas para começar em breve.

O diretor regional da Polícia Penal na 9ª Região Integrada de Segurança Pública (Risp), Marcus Vinicius Silva, acredita que essa ampliação de oportunidades para as pessoas que estão reclusas traz mais chances para a conquista de uma nova ocupação ou até uma requalificação aos que já exerciam um ofício, e pode, inclusive, servir de estímulo para o empreendedorismo. “Além de impulsionar a reinserção social, também é uma forma de humanizar o cumprimento da pena”, destacou o diretor.

Presídio de Uberlândia

No Presídio Professor Jacy de Assis, os cursos são de corte e costura, e fabricação de blocos e artefatos, cada um com 15 vagas. O primeiro teve início na última segunda-feira, 20/3, e o segundo começa em abril. Alguns detentos já trabalhavam com os parceiros e outros serão incluídos nas linhas de produção.

A oficina de corte e costura contempla cinco detentos que, este mês, passarão a atuar na produção de uniformes; o material será distribuído para a 9ª Região Integrada de Segurança Pública (Risp) e para o almoxarifado central da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). Os outros 10 presos são contratados pela empresa Reptec para a fabricação de luvas (Equipamento de Proteção Individual - EPI). Dos 15 que passarão pelo curso de fabricação de blocos e artefatos, em abril, sete já atuam na produção para a parceira JVSIL Ltda., e oito irão somar ao time.

 

Luciano Silva, de 37 anos, tem cinco anos de experiência na área da costura e, agora, acaba de conquistar uma oportunidade de se requalificar, por meio do projeto de fabricação de luvas, junto à Reptec. “Essa oportunidade é única e deve ser multiplicada para todos que têm bom comportamento e querem algo na vida”, observou.

A diretora de Atendimento do Presídio de Uberlândia, Janaína Pessoa, revela que os profissionais que se destacam podem se manter atuando na empresa parceira, mesmo após se desligarem da unidade. “A ideia é ter uma continuidade, de forma que, diante de um bom trabalho, a empresa possa absorver essa mão de obra”, disse a diretora.

Penitenciária de Uberlândia

Na Penitenciária de Uberlândia, as frentes de trabalho também avançam. Este mês uma nova linha de produção de enxovais hospitalares se inicia na unidade. Em parceria com a Fundação de Assistência, Estudo e Pesquisa de Uberlândia (FAEPU), dez detentos estão participando de uma capacitação que durará três meses. As atividades iniciais, inclusive, já contam com planos de ampliação. Futuramente, planeja-se inserir o trabalho de impressão nos tecidos, somando outros seis detentos. Os enxovais produzidos serão distribuídos para hospitais e clínicas da Universidade Federal de Uberlândia e para prefeituras de mais sete cidades vizinhas, por intermédio da FAEPU.

 

Outros dez detentos que já atuam na linha de produção de lençóis hospitalares passam, frequentemente, por novas capacitações, inclusive voltadas ao empreendedorismo. Agora eles irão ampliar a linha de produção e passarão a confeccionar também jalecos, capotes - uma vestimenta hospitalar utilizada para a proteção do profissional de saúde - e campos cirúrgicos - que têm a finalidade de proteger o paciente durante os procedimentos. Para isso, passarão por uma capacitação em abril, quando mais seis detentos também somarão ao grupo. O material produzido - em parceria com a prefeitura municipal, Tribunal de Justiça, Conselho da Comunidade na Execução Penal e Ministério Público - traz economia aos cofres públicos, pois é destinado a hospitais, postos de emergência e postos de saúde do município.

As novidades não param aqui. Em parceria com a Herself, mais 30 detentas, já capacitadas, irão produzir absorventes reutilizáveis. O grupo aguarda apenas a chegada do maquinário.

 

Essa ampliação de vagas de trabalho, proporciona novos sonhos. Gabriel Santos, de 27 anos, passou pela fábrica de lençóis e, agora, está no curso de aperfeiçoamento para trabalhar no projeto de enxovais hospitalares com a FAEPU. Quando for desligado do sistema, ele ambiciona conquistar uma vaga na fábrica externa da fundação, por meio de seus resultados. “Pretendo cada vez mais prosperar com o fruto do meu trabalho, dedicando e levando com seriedade”, disse.

O diretor de Atendimento da penitenciária, Leandro Melazzo, afirma que essas parcerias vêm para agregar ao processo de socialização e ressocialização. “Muitos dos presos e presas não tiveram base educacional ou familiar. Buscamos ampliar ao máximo essas frentes, para que eles tenham possibilidades futuras. Para o segundo semestre, por exemplo, já temos, custeada pela Vara de Execuções Criminais, a autorização da construção de mais quatro oficinas de trabalho”, anunciou o diretor.

Texto: Dayana Silva

Fotos: Divulgação Sejusp

 

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