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 Presídio de Itajubá e Apae firmam parceria para beneficiar crianças atendidas

Detentos fabricam mobiliários utilizados nas atividades psicomotoras, reparam cadeiras de rodas e produzem bonecos utilizados em atividades de socialização

As iniciativas que promovem a ressocialização por meio do aprendizado de um ofício podem beneficiar não apenas os detentos, mas também a comunidade. Em Itajubá, na região Sul de Minas, os produtos fabricados na unidade prisional local têm sido de grande importância para a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), que os utilizam nas atividades terapêuticas realizadas com as crianças.

A partir de materiais arrecadados por meio de instituições parceiras do Presídio de Itajubá, os indivíduos em reclusão confeccionam uma variedade de artigos destinados à Apae. Um exemplo são os mobiliários de PVC, que são usados nas sessões de fisioterapia e ajudam a estimular o desenvolvimento da coordenação motora grossa, do equilíbrio e de outras habilidades relacionadas às funções neuropsicomotoras.

Além da fabricação dos mobiliários adaptados para fisioterapia, a unidade também contribui, por meio do projeto “Boneca de Pano”, com as famílias terapêuticas. Esses grupos de bonecos são confeccionados para representar as pessoas presentes no cotidiano das crianças e auxiliam na familiarização com as relações sociais, seja com a família, a escola ou a comunidade.

Os detentos do Presídio de Itajubá também são responsáveis pelos reparos nas cadeiras de rodas usadas pela instituição. A Apae fornece os materiais necessários para a manutenção das cadeiras, enquanto a unidade prisional oferece a mão de obra.

E a parceria, inclusive, vai além desses três projetos que são bem específicos e relacionados com as necessidades da Apae. A instituição também é beneficiada por outras iniciativas da unidade, como a Horta Solidária - recebendo alimentos frescos da horta do presídio - o Recicla Pet e a Fábrica da Alegria que, de acordo com o diretor-geral do Presídio de Itajubá, Marcelo Castro, será o projeto responsável pelo envio de diversos brinquedos e jogos para a instituição.

Conectando oportunidades

O diretor-geral Marcelo Castro destaca que a parceria com a Apae surgiu como uma forma de conectar a comunidade itajubense com a unidade prisional e oferecer aos detentos a oportunidade de preencher de forma produtiva o tempo disponível.

Atualmente, há 23 indivíduos mobilizados em projetos que, além de beneficiar diretamente a instituição, ensinam um novo ofício aos detentos e contribuem para a redução da pena.

Ele ressalta que a parceria representa um avanço significativo na aproximação com a comunidade, fundamental para restabelecer o vínculo do indivíduo em reclusão com a sociedade. “Os projetos sociais realizados na unidade devolvem o indivíduo privado de liberdade ao seu lugar dentro da sociedade, mostrando que existe uma forma positiva de restabelecer esse convívio, além de cooperar com a manutenção de instituições de alto valor para a comunidade.”

Para a Apae, a parceria é motivo de grande alegria, pois os materiais confeccionados no Presídio de Itajubá ampliaram as possibilidades de tratamento dos atendidos. Ana Paula Cardoso, coordenadora do setor de reabilitação da APAE, acredita que a parceria gera benefícios para ambos os lados. Ela destaca que “este projeto é uma oportunidade de crescimento pessoal, profissional e social para os detentos, promovendo um novo olhar ao próximo, um respeito à diversidade e a possibilidade de restaurar a dignidade humana.”

Texto: Jaine Cramer
Fotos: Divulgação Sejusp

Seminário na ESP-MG marca o início da Especialização em Saúde Pública no Sistema Prisional

Especialização será a primeira com o tema da saúde prisional


A Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais (ESP-MG), em parceria com a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (SEJUSP- MG), realizou nesta quarta-feira, dia 21/08, na sede da Escola, em Belo Horizonte, o Seminário "Saúde Pública e prisão: contribuições do Direito e da Sociologia". Ele foi elaborado para abrir as atividades da “Especialização em Saúde Pública - Sistema Prisional (2024-2026)”, que começou as aulas também nesta quarta-feira. De acordo com a coordenação do curso, o seminário teve como objetivo apresentar os temas da saúde pública em articulação com a sociologia e o direito – assuntos que são os pilares da matriz curricular da primeira especialização da Escola de Saúde Pública, que tem foco a saúde no sistema prisional.

Foto matéria ESP 2
Participaram da mesa de abertura do Seminário, a Diretora Geral da ESP-MG, Mara Guarino Tanure; a Coordenadora de Atendimento e Humanização, da Secretaria de Justiça e Segurança Pública do Estado de Minas Gerais (SEJUSP) Leslie Alveso Diretor geral do Departamento Penitenciário de Minas Gerais, Leonardo Badaró; a Diretora de promoção à saúde e políticas de equidade da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), Daniela Campos e uma das coordenadoras do curso e trabalhadora da ESP-MG, Anísia Chaves e Silva.

A Diretora Geral da ESP-MG, Mara Guarino Tanure, pontuou a relevância do Seminário e da Especialização. “Este curso é fruto de uma parceria muito bem sucedida com a SEJUSP, estabelecida desde 2018 e que a gente vem colhendo muitos frutos. Já temos um livro publicado, quase 3 mil alunos e alunas já capacitados entre seminários, cursos presenciais e a distância, apresentações em congressos e em várias frentes que ajudam a fomentar um tema tão fundamental como este”, destacou. Por fim, a diretora enfatizou que a especialização irá possibilitar uma construção coletiva de conhecimentos entre docentes e discentes.

O Diretor geral do Departamento Penitenciário de Minas Gerais, Leonardo Badaró, disse que o curso irá proporcionar um importante avanço na qualificação dos trabalhadores do sistema prisional. “A participação de nosso corpo de profissionais de saúde também será importante no compartilhamento de vivências de uma realidade que muitos ainda desconhecem. Penso que também será uma oportunidade para vocês conhecerem o quanto é brilhante o trabalho desempenhado por esses profissionais em nossa sociedade”, pontuou.

A Diretora de promoção à saúde e políticas de equidade da SES-MG, Daniela Campos, comentou que a ESP é o local onde mais se trabalha a formação do SUS no estado.  “Este curso é muito esperado e planejado e quero agradecer à ESP por aceitar esse desafio junto conosco, pois será a primeira especialização em saúde prisional e para nós, enquanto Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, o curso representa um aprimoramento na implementação da política da população privada de liberdade, que é a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP). Essa ação também vem para qualificar, apoiar e promover a melhoria da política e da assistência à saúde”, detalhou.

Após a mesa de abertura, foi realizada as apresentações do Seminário "Saúde Pública e prisão: contribuições do Direito e da Sociologia". Foram palestrantes, a Professora Associada do Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Brasília; co-coordenadora do Grupo de Pesquisa sobre Desaparecimento Forçado e coordenadora do Observatório sobre saúde e letalidade prisional do Distrito Federal, Camila Cardoso de Mello Prando. E o Professor do Departamento de Sociologia e do Programa de Pós-graduação em Sociologia da UFPE; coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Criminalidade, Violência e Políticas de Segurança da UFPE (NEPS-UFPE); José Luiz Ratton.

Foto matéria ESP

Já a mediação foi conduzida pelo trabalhador aposentado da Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais, Mestre em Psicologia Social pela UFMG e docente nos cursos presenciais e a distância da ESP-MG na parceria com a SEJUSP, Marcelo Arinos Drummond.

Aprendizados

Esta especialização é a primeira da ESP-MG com essa temática e tem como público as pessoas trabalhadoras de saúde que atuam no Sistema Prisional, em Minas Gerais. O objetivo do curso é possibilitar a formação crítico-reflexiva dos trabalhadores de saúde do Sistema Prisional, na perspectiva da Educação Permanente em Saúde, a fim de contribuir para a implementação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP) e para o fortalecimento do SUS, em Minas Gerais.

Uma das novas estudantes da especialização é a Caroline Martins, que é enfermeira e trabalha no complexo penitenciário Dr. Pio Canedo, em Pará de Minas.  Ela conta que há um ano ingressou no sistema prisional com o PNAISP e que atuar no sistema prisional tem apresentado a ela novas visões sobre o trabalho em saúde. Conforme Caroline, seu objetivo em buscar a especialização é buscar aprofundamento e entender melhor o complexo penitenciário. “Estou muito animada com o curso e sei que a Escola de Saúde Pública é uma referência e será um local, em que irei aprender e também levar conhecimentos para onde eu atuo”, disse.

Wagner José Rodrigues de Freitas, é psicólogo e trabalha há um ano no presídio de Lagoa Santa. Ele conta que já pesquisou e até então não havia encontrado especializações ou cursos que o ajudasse na preparação para atuar no sistema prisional. “Eu cheguei até a pesquisar e não cheguei a encontrar. Até que houve essa oportunidade da Escola e achei essencial para meu trabalho. Minha expectativa com o curso é a de levar mais conhecimentos para meu local de trabalho e aperfeiçoar nossa atuação”, completou.

Texto: Vívian Campos ( Ascom- ESP-MG)

Fotos: foto 1- Laura Zschaber  (Ascom- ESP-MG); foto 2- Vívian Campos ( Ascom- ESP-MG)

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